Uma das maneiras mais efetivas de se valorizar e resgatar a cultura de um povo é homenagear aqueles que fazem ou fizeram a diferença no dia a dia das pessoas. Pensando nisso, os integrantes do Programa Cidadania Viva coloriram os tapumes em frente à fachada do Centro Cultural José Octavio Guizzo, um dos lugares mais importantes para a cultura em Campo Grande e que está passando por reformas.
Cerca de 20 jovens grafitaram na manhã desta quarta (12), um mural homenageando dois expoentes das artes em Mato Grosso do Sul: o próprio José Octávio Guizzo e Aracy Balabanian, cujo nome batiza o teatro que faz parte do centro cultural.
Guizzo foi um importante ativista cultural e político. O campo-grandense foi músico, radialista e jurista e um grande fomentador das expressões culturais do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso. Como pesquisador, valorizava o estudo dos aspectos culturais regionais, como a música, o folclore e o cinema locais. Aracy é uma das atrizes mais conhecidas do Brasil. Nascida em Campo Grande, a filha de imigrantes armênios é um dos grandes nomes da dramaturgia nacional e alcançou o estrelato ao tornar-se conhecida por suas personagens icônicas na TV e também por sua vasta carreira no teatro e no cinema.
Criação – O Programa Cidadania Viva envolve hoje 58 jovens, de 16 a 29 anos, e se divide em quatro eixos. Um deles envolve o muralismo, que proporciona que as discussões das rodas de conversa possam ser transformadas em expressões, ocupando espaços públicos, como muros de escola, associações, com manifestações artísticas da própria comunidade.
O secretário de Estado de Cidadania e Cultura, Eduardo Romero explica que, com o programa, o objetivo é que os jovens exercitem a cidadania a partir de suas próprias perspectivas, trocando ideias e vivências. “Uns têm mais habilidades com questões artísticas, outros com pesquisa, alguns são mais ligados a projetos sociais. A ideia é que haja sempre uma troca de experiências, como é a própria vida, e eles trazem isso para dentro do programa”. Para essa ação do Campão Cultural, Romero pontua que, mais do que a obra em si, houve todo um processo anterior de pesquisa exploratória, para que os participantes entendessem a importância de José Octávio Guizzo e Aracy Balabanian para a cultural local e do país, as razões pelas quais eles merecem ter um centro cultural e um teatro em sua homenagem e, ainda, o que esses espaço significam para a classe artística e para a comunidade em geral.
A coordenadora executiva Lisa Rodrigues afirma que a participação desses jovens se dá em diferentes frentes durante a programação do festival. “Além de estarem criando juntos o mural que homenageia José Octávio Guizzo e Aracy Balabanian, enquanto a atividade acontece, outros participantes registram com fotos e vídeos, colhem depoimentos e desenvolvem, assim, a prática educomunicativa”, pontua.
Mariana Lopes, bolsista do programa, tem 20 anos, é universitária e participou da ação. Ela conta que além de poder fazer a sua parte para a cidade, ajudando a valorizar um ponto tão importante, essa atividade teve também um peso afetivo: “Já me apresentei várias vezes nesse espaço. Vê-lo sendo reformado e poder ainda colorir o seu entorno com essa homenagem deixa tudo ainda mais especial”, conta. Para a estudante Monique Oliveira, de 16 anos, o mural é uma contribuição para os campo-grandenses e também para si mesma: “Participar de algo assim é muito significativo para mim. Estou fazendo meu papel como cidadã e contribuindo para a vida das pessoas, deixando a cidade mais bonita”, explicou.
O bolsista Matheus Leony, de 16 anos, foi quem idealizou e criou o mural. Ele conta que se interessou pelo grafite aos 10 anos de idade, em uma atividade da escola. De lá para cá, não parou mais. O mural do Centro Cultural José Octávio Guizzo é um projeto totalmente autoral do artista, que assina suas obras com o nome de Leon. Em suas referências, o artista utilizou características dos homenageados e também elementos que representam a cidade. Para preencher o mural com cores, os outros bolsistas do programa se arriscaram na arte do spray. “Foi legal tê-los juntos, cada um ajudou um pouco. Tudo foi feito de maneira muito didática, para que todos pudessem colaborar”, afirmou orgulhoso.
Para quem quiser conferir o resultado dessa ação, segue o endereço do Centro Cultural José Octávio Guizzo. Ele fica na 26 de agosto, 453, próximo à Calógeras.
A programação do Campão Cultural segue até o próximo dia 15. Confira aqui o que ainda vai rolar.
texto: Evelise Couto
fotos: Eduardo Medeiros