Os escritores Arthur Andrade Bellini, Alessandra Coelho e Fábio Gondim participaram neste sábado (08) de um debate sobre os caminhos da Literatura LGBTQIA+ em Mato Grosso do Sul. Mediada por Jander Gomez, a Mesa Redonda reuniu dezenas de leitores na Biblioteca Isaías Paim, na Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
Durante a conversa, Arthur Bellini, que assina seus livros como Arthur Malvavisco, dividiu com os presentes como se iniciou no mundo da literatura fantástica. “Escrevo fantasia desde os 12 anos e ela me servia como um escapismo. Sou um homem trans e tinha necessidade de fugir do meu cotidiano. Até os 22 anos senti que eu vestia um corpo de carne que não era meu.” Mais do que isso, o escritor contou que não conseguia se identificar com os personagens das histórias que lia e, por isso, resolveu escrever seus próprios livros.
Já a estreante Alessandra Coelho começou a escrever para encontrar amparo nas palavras. “Como uma mulher que ama mulheres pude encontrar isso na poesia”, explica. Com um olhar cuidadoso para os pequenos detalhes da vida, a carioca da Cidade de Deus, que há quatro anos escolheu Campo Grande como lar, explicou que consegue ver poesia até quando o ônibus está atrasado. Seu primeiro livro Usamos Tudo Para Poesia está em processo de publicação via financiamento coletivo.
Para completar a mesa, o veterano Fábio Gondim que faz parte do Coletivo Tarja Preta, também relatou um pouco de sua trajetória no mundo das letras, que traz diversas obras e ainda a coletânea Cromossomos – Literatura LGBTQIA+ no Mato Grosso do Sul, no qual ao lado do poeta Vini Willyan, reuniu produções de autores locais.
Mas mais do que discutir a literatura LGBTQIA+, os três autores sinalizaram um ponto em comum: é necessário que essa produção também seja consumida sem haver preocupação com rótulos. “Não quero que as pessoas consumam minha literatura apenas por ser LGBTQIA+, quero que elas leiam o que eu escrevo sem pensar em classificações”, revela Gondim. Alessandra explicou que acredita que isso pode ser fortalecido com ações vindas ainda na Educação Básica. “Sinto que hoje há uma geração nova de professores que têm dado importância a esse cuidado, que dão vida à cultura e à arte e que trazem todo tipo de leitura para o debate”. Já Arthur lembrou que todas as pessoas têm diversas facetas. “Somos LGBTQIA+, mas somos também estudantes, biólogos, trabalhamos com informática, nossa vida é construída por muitas faces, então por quê se prender apenas a uma?”, questionou.
Ao final da mesa redonda, os espectadores puderam fazer perguntas e também conversar e prestigiar a presença dos autores.
A programação do 2º Campão Cultural continua a todo vapor e pode ser conferida aqui.
texto: Evelise Couto
fotos: Muriel Xavier