Arthur Gomes que dá vida à drag Suzaninha ministra oficina e faz panorama da arte drag
Diariamente, milhares de pessoas acordam e “se montam” para ocupar seus papéis sociais. Entre lavar o rosto e aparar a barba, fazer a maquiagem ou vestir o terno, montar-se é um hábito cotidiano a todes. Mas há quem faça disso uma arte. De maneira bem-humorada, o ator Artur Gomes apresentou a analogia que ajuda a explicar o universo das drags e do que ele define como a arte da montação. Montada, Arthur é a drag queen Suzaninha, importante figura da cena catarinense que faz as vezes de apresentadora, agitadora cultural e pesquisadora acadêmica.
Pela primeira vez em Campo Grande, ela ministrou a oficina “Desmontando a história: Panorama sobre a Arte Drag” no Campão Cultural – 2º Festival de Arte, Cultura, Diversidade e Cidadania. A partir de recortes que datam do classicismo grego, passam pela commedia dell’arte no renascimento para chegar aos dias atuais, Suzaninha demonstrou como a arte da montação sempre esteve presente na história, até se consolidar como na arte drag contemporânea. “Em todos os momentos que a gente vê essa arte, ela evoca resistência e subversão. Hoje, mais do que nunca”, argumenta.
Mas, para Arthur, o termo arte drag não é capaz de abraçar todas as diferenças que se apresentam nos diversos contextos culturais. “Não dá para falar de arte drag no Brasil, sem falar do transformismo que se popularizou aqui no Brasil ou mesmo de movimentos muito específicos”, explica. Por esse motivo, em vez de falar de drag, Arthur prefere falar sobre montação, o que lhe dá espaço para discutir e criticar elementos colonialistas que a própria noção de drag tomou, sobretudo a partir da popularização no show business. “Ser drag é ter o corpo como um espaço de tela, mas ainda precisamos ter um olhar crítico sobre a nossa arte”, pontua.
Em Campo Grande, as drags vem conquistando cada vez mais espaço e influenciando a cultura sul-mato-grossense. Abraçando a diversidade, o Campão Cultural contará com diversas ações ligadas à Corrida das Drags, que desde 2016 se consolida como um espaço de visibilidade e atuação para as artistas. Quem acompanhou a oficina, defendeu a importância de ter um espaço para conhecer mais sobre a arte.
Thiago Andrade – Assessoria Campão Cultural
Fotos: Marithê do Céu