A Casa do Artesão é um dos prédios históricos mais conhecidos da cidade. Construída entre 1918 e 1923, foi a primeira sede do Banco do Brasil, além de ter sido um comércio e uma autarquia pública. Passou a abrigar o artesanato regional em 1975 e de lá para cá passou por algumas reformas. Nenhuma delas se compara, no entanto, à que está acontecendo agora.
Por isso, o Campão Cultural convidou Enrico Breda, do Estúdio Sarasá, empresa responsável pela obra de restauração da Casa do Artesão para a Oficina de Imersão do Patrimônio Cultural Edificado de Campo Grande. Durante o evento, ele mostrou todas as fases da restauração e comentou sobre a dificuldade do processo. “Ao longo das intervenções passadas, que infelizmente foram mal executadas, foram se perdendo algumas características originais do prédio, principalmente da fachada. Nosso principal objetivo foi conservar ao máximo o que dava”, contou. Uma das maiores preocupações foi manter o projeto inicial do prédio e seus principais aspectos. A obra, que deve ser entregue no início de 2023, contará ainda com um café e um jardim contemplativo. “Isso deve convidar as pessoas a frequentarem o prédio e, assim, prestigiarem o trabalho dos artesãos”, explicou o engenheiro.
Participaram da oficina, artesãos que expõem ou já expuseram sua arte na Casa do Artesão, para que eles pudessem conferir como está o andamento da obra e como funciona a execução. Josefa Marques, de Caarapó, estava encantada com as explicações e aguarda ansiosa pela entrega do prédio. “A Casa do Artesão é muito importante para toda a população, mas ainda mais para os artesãos do interior do estado. Aqui, temos mais visibilidade e aumento das nossas vendas”, pontuou.
Catarina Guató, indígena do povo Guató, expõe suas peças no local desde 1976. “Aprendi com minha mãe a utilizar a fibra do aguapé, uma planta aquática do Pantanal. Nasci e me criei na aldeia e a Casa do Artesão foi o primeiro lugar que apoiou os meus artesanatos”, contou. Feliz, observava cada detalhe da obra, que acontecia durante o evento.”Sinto alegria em ver o que está acontecendo, pois sei que vai ficar ainda melhor do que era. É uma honra estar aqui e ver essas mudanças”.
Participação – Um dos pontos altos da oficina, foi quando os artesãos foram convidados a deixar a sua colaboração nesta obra de restauração. Para isso, Enrico Breda, separou o letreiro original da Casa do Artesão e pediu que cada um deles ajudasse na pintura das letras. “É uma maneira também de ter um pouco deles nesse processo e de valorizar ainda mais a história desse prédio”, declarou.
A programação do Campão Cultural segue até o próximo dia 15. Confira aqui o que ainda vai rolar.
texto: Evelise Couto
fotos: Valmirar Gomes