Neste sábado (04), aconteceu no Memorial Educativo um encontro que envolveu contação de histórias e um bate-papo potente. Os momentos estavam na programação voltados para a literatura promovidos pelo “Campão Cultural – I Festival de Arte, Diversidade e Cidadania”.
A abertura da contação de histórias teve a participação da Gleycielle Nonato (MS), do povo Guató, que veio de Coxim, autora do livro Vila Pequena: casos, contos e lorotas. Na sequência, Cleber Fabiano (PR), membro imortal da Academia Brasileira de Contadores de Histórias, foi responsável por dois contos, um popular e um literário, conseguindo mostrar ao público as diferenças de ambos. Auritha Tabajara (CE) fechou o momento a partir de contos tradicionais de seu povo e também das histórias de seus cordéis.
Na sequência houve a abertura da roda de conversa que recebeu a professora Letícia Carolina (PI), que é pedagoga, professora, pesquisadora e autora do livro Transfeminismo na Coleção Feminismos Plurais. Em sua fala, transmitiu um pouco dos seus conhecimentos sobre as manutenções de poder hegemônico, abordou sobre a problemática das normas já constituídas e falou sobre ampliação das possibilidades de pensar e agir fora de padrões. Em conversa, Letícia contou sobre a experiência em estar em Campo Grande pela primeira vez. “Estou muito feliz em estar em outra territorialidade, que também sofre com processos de exclusão, e estar aqui lançando meu livro é muito representativo. O que fizemos aqui hoje, são processos de ruptura, são momentos que há o fortalecimento da luta local, eu saio fortalecida daqui e também deixo pessoas fortalecidas”, enfatiza.
A segunda participante do bate-papo foi Auritha Tabajara (CE), escritora, atriz, compositora, contadora de histórias e considerada a primeira mulher indígena cordelista do Brasil. Auritha falou sobre suas trajetórias, contou que sua primeira experiência com cordel foi um rascunho que fez aos 9 anos de idade. Uma de suas motivações que a levou para a escrita, foi a inquietação pela falta de produção de mulheres indígenas. Sua vida irá se tornar filme, que será lançado em breve. Em conversa, disse sobre a importância de ser mulher indígena e estar participando do Festival. “Todos os eventos que participo têm experiências diferentes, mas Campo Grande, o próprio lugar me deixou feliz, fui muito acolhida por todos. O objetivo que eu levo, não diz só sobre mim ou sobre minha comunidade, a minha luta é por outras mulheres atravessadas por violências. Através do meu trabalho quero atingir mulheres que possam falar sem medo de suas histórias, de sua cultura”, conclui Auritha.
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@festivalcampaocultural
Texto: Bianka Macário