Com músicas autorais e uma seleção que fez a releitura de sucessos do Exalta Samba, Atitude 67, Thiaguinho, Samba Som Sete e – por que não? -, o Grupo Tradição, o Top Samba marcou sua presença no Campão Festival com um show que mostrou a versatilidade dos garotos campo-grandenses e a guinada para o sucesso da banda criada em 2006, na capital morena.
Ao final da apresentação, na noite de sábado, na Esplanada Ferroviária, a festa nos camarins revelou a emoção e a alegria do quarteto pela oportunidade de tocar e cantar num festival da grandeza do Campão Cultural, cuja participação abre espaços e dá visibilidade ao grupo. “Foi sensacional, incrível”, resumiu o vocalista Vinicius Barreto (Vini).
Na terra das grandes influências musicais, em especial a fronteiriça, impor o pagode e cair na graça da galera mostram que a música não tem limitações e o Top Samba é hoje uma referência do ritmo fora dos grandes centros. “O pagode resiste e se incorpora aos nossos ritmos regionais”, diz Lucas Bastos, instrumentista.
Rima com sertanejo
Subir ao palco da Esplanada e abrir o show do Péricles foi uma honra para esses pagodeiros de campão. “No ano passado a gente veio assistir meu pai (Vandir, integrante do Grupo Acaba) se apresentar e hoje estamos aqui abrindo um festival que cresceu muito em dois anos”, cita Vini.
Depois da euforia de um show que também marca os 45 anos de criação de Mato Grosso do Sul, os pagodeiros e familiares foram ao reservado do palco para assistir ao mestre Péricles, onde dançaram e cantaram todas as músicas do ídolo, entrando no clima da festa proporcionada pelo grande público.
O Top Samba é formado (Vinicius Barreto, vocalista; Lucas Bastos Girino, cavaco; Alex Junior, rebolo; e Abdon Bidu, pandeiro) por um grupo de amigos e inspirado por artistas que marcaram época, como Jeito Moleque, Sorriso Maroto, Inimigos da HP e também do contemporâneo Atitude 67. Provando, ao longo da carreira, que pagode rima com o sertanejo fronteiriço – e vice-versa.
Mesmo com o segmento dominante e forte da música regional, o grupo se impôs e mostrou seu valor, gravando já em 2008 o primeiro CD com repertório autoral, abrindo as cortinas para o sucesso. Em 2012, gravou com o Grupo Molejo, e em 2016 lançou um projeto acústico, o primeiro trabalho a entrar nas plataformas digitais.
Homenagem
Em 2018, o grande momento: o lançamento da música “Ta Sensacional” impulsionou o grupo e o kit entrou na maior playlist de pagode do Spotify, e, na sequência, “Pagodeira” levou o grupo a São Paulo para gravar com Dudu Borges. No mesmo ano, foi lançado “Brasil Calor”, com clipe em Ilhabela (SP).
No ano seguinte, foi gravado o CD e pocker DVD “Do Nosso Jeito” e lançada a música “Trilha Sonora”, que permitiu alçar voos mais longos e o convite para shows fora do Estado. Em 2022, muitos projetos e novas canções – “Quarto Bagunçado” e “321”, esta última título da turnê a ser lançada no dia 14 de outubro.
No show de sábado, além das músicas autorais – “Ta Sensacional”, “Quarto Bagunçado”, “Vem Que Vem” e “321” – que ganharam o gosto do público, o Top Samba passeou por outros kits do melhor pagode e surpreendeu a plateia com uma homenagem ao Estado: as dançantes “Barquinho”, “Brasileira” e “China Veia”, sucessos do Grupo Tradição ainda no tempo do Michel Teló.
Texto: Silvio Andrade
Foto: Alvaro Herculano