Em cerca de uma hora, Ludmilla cantou sucessos e passeou por estilos: do funk ao pop, do R&B ao pagode. Apesar de curto para a expectativa de muitos, não faltou potência ao show que embalou mais de 15 mil pessoas e provou que a carioca tem uma das melhores apresentações da atualidade. A cantora subiu ao palco com visual e postura de diva do pop, contou com a presença de bailarinos muito bem coreografados e qualidade de som que não se vê todos os dias. O show marcou a noite de quinta-feira na programação do Campão Cultural – 2º Festival de Arte, Cultura, Diversidade e Cidadania na Capital.
Impressionada com a quantidade de pessoas reunidas na Esplanada Ferroviária, Ludmilla brincou: “Vou pedir para marcar outro show na semana que vem”. Depois de ter sido elogiada por Roberto Medina, criador do Rock in Rio, por seu show no festival deste ano, Ludmilla mostrou o motivo de tanta admiração. Do começo ao fim, o show foi marcado pelo carisma, pela interação com o público, além do talento e da qualidade técnica e visual. Não houve canção que não fosse cantada (e dançada) em uníssono com toda a plateia.
“Ela é a diva das divas. Eu espero o melhor dela, mas com certeza foi uma surpresa ver um show desses aqui em Campo Grande”, afirma a produtora cultural Meriju Silva. O que mais chamou a atenção de Meriju foi a entrega da cantora. “Ela é ela do começo ao fim, ela não para. Eu a acompanho desde que ela era MC Beyoncé, lembro de um universitário que eu fui e só tocava ela, durante os três dias do evento”, lembra.
No repertório do show, teve espaço para diversas fases de Ludmilla. “Verdinha”, “Socadona”, “Rainha da Favela” figuraram ao lado de novos hits como “Tic Tac”. Também rolaram diversos feats da cantora. Como os outros artistas, a exemplo de Glória Groove, não estavam na cidade, a cantora recorreu aos playbacks. Mas, isso não quer dizer que não houveram participações especiais durante o show. Brunna Gonçalves, com quem a cantora é casada desde 2019, subiu ao palco na hora de “Maldivas”.
“Uma salva de palmas para a minha música inspiradora”, pediu Ludmilla e contou como nasceu a música. “Estávamos em lua de mel nas Maldivas, eu olhei pra ela e pensei: preciso registrar esse momento”, detalha. As duas dançaram juntas e mostraram que o palco também é lugar de representatividade e diversidade. Uma bandeira com as cores do arco-íris, representando a comunidade LGBTQIA+ foi parar em cima do palco e Ludmilla se cobriu com ela. A plateia ovacionou a cantora com força.
Mesmo as letras mais pesadas, que tratam de drogas e sexo, criam barreiras para que os jovens e as crianças se interessem pela cantora. Assim, uma menina bem pequena subiu ao palco para tirar uma selfie com Ludmilla. Junto à grade que separava a área de imprensa do público em geral, Jhennifer Lohanny, de 17 anos, assistia e cantava tudo. “Eu amo essa mulher. Tudo que ela faz é incrível”, afirmou aos gritos.
Em meio a esse clima de admiração o show se encerrou com Ludmilla cantando “Onda Diferente”, gravada em parceria com Snopp Dogg e Anitta. “Pega o beijo”, falou Ludmilla e deixou o palco. Sem pedidos de bis, não dá para saber se ela voltaria ou não.
Abertura
Para dar o tom da noite, os convidados para abrir o show de Ludmilla foi o Coletivo CLOSE. Unindo teatro, música e dança, o grupo tem agitado a vida cultural de Campo Grande com ações focadas na cultura e na arte da comunidade LGBTQIA+. Na definição dos integrantes, trata-se de um assentamento digital, um agrupamento insurgente de “corpas metropolitanes motivades” a construir um ambiente democrático, criativo, interativo e motivador.
“Somos um grupo de artistas, entre cantores, atores, DJs, e outros, que estão disseminando estilos de arte que sejam fora da curva, desse estereótipo do sertanejo que nós vemos com grande frequência no estado”, explica Júlio Ruschel, criador do projeto. No palco, os integrantes apresentaram versões para canções pops além de composições autorais. O coletivo é formado por Dany Cristinne, Ricke Martinez, Miss Violência e Lady Afroo.
Thiago Andrade
Fotos: Muriel Xavier