Embrião na primeira edição do Festival Campão Cultural, o Programa Cidadania Viva, criado por decreto pelo governador Reinaldo Azambuja em setembro de 2021, teve participação forte no evento deste ano e uma das ações da secretaria estadual de Cidadania e Cultura (Secic) envolveu a organização não governamental (ong) Movimento Mãe Águia com muralismo e rodada de conversa, atividades que integram as políticas públicas na área da educomunicação.
O Movimento Mãe Águia fica localizado na Rua Katayama, 119, na Vila Santo Eugênio, periferia da Capital, onde, há nove anos, promove o acolhimento e atendimento às crianças e adolescentes vítimas de abusos sexuais e outras violências, hoje num total de 30. Segundo a presidente e assistente social Dane Duarte, o apoio do Cidadania Viva está ajudando a entidade em atividades que promovem a convivência e o vínculo e minimizam os traumas.
Para o secretário de Cidadania e Cultura, Eduardo Romero, a inclusão do Cidadania Viva na programação do festival “fortalece o objetivo de se ter a cultura na sua plenitude, de olhar os aspectos culturais não só como eventos, mas como prática da própria vida”. A ação na Vila Santo Eugênio, afirma, levou os monitores sociais do programa para, através da arte, expressar para a população-alvo suas relações com a cultura, educação e cidadania.
Intervenções pela mídia
Mato Grosso do Sul é pioneiro na implementação de uma política pública na área da educomunicação voltada para a cidadania e a cultura. Foram selecionados por edital jovens e adultos, de 16 a 29 anos – hoje são 58 -, os quais, mantidos por bolsas de R$ 1,2 mil a R$ 700, os quais atuam como monitores sociais na transformação das comunidades em situação de vulnerabilidade por meio da educomunicação, explica Lisa Rodrigues, coordenadora do programa.
Esses jovens, universitários e secundaristas das redes de ensino pública a privada, foram capacitados para atuarem nos quatro pilares do programa: Vozes Cidadãs, Prosa Cidadã, Pontes para Cidadania e Rota Cidadã. O grupo é diversificado, tem a participação de indígenas terena, negros, LGBT e pessoas com necessidades especiais, entre outros.
O “Vozes Cidadãs” tem por objetivo despertar o uso da comunicação midiática entre a população; o “Prosa Cidadã”, busca promover rodas de conversa entre comunidades, universidades e segmentos sociais; o “Pontes para Cidadania”, caracterizada pela utilização de espaços públicos para a expressão comunicativa por meio das artes e das práticas de muralismo; e o “Rota Cidadã”, fomenta o conhecimento da história do Estado, com destaque para comunidades indígenas, quilombolas e sítios arqueológicos, além de trazer a identificação via QR Code de locais da Capital.
Um pouco de alegria
Durante o evento na Movimento Mãe Águia, um dos bolsistas, o grafiteiro João Vitor Silva, coordenou a atividade do muralismo, expressando no muro da entidade o trabalho social ali realizado após pesquisa feita pelo próprio grupo. Outros jovens se movimentaram pela entidade realizando entrevistas e filmando as ações para divulgar nas redes sociais e no canal do programa no Youtube, estratégias para promover a socialização e o protagonismo entre os jovens.
“Usando dois pilares do programa e a partir da expressão comunicativa pelas artes, no caso o muralismo, onde por meio do grafite foi retratado um pouco de uma infância feliz, nome da ação, diante de toda essa situação difícil, que envolve o atendimento às crianças, aos pais, a família, aqui dentro da instituição. O programa também veio trazer um pouco de alegria. Então, esses jovens bolsistas estão colocando literalmente a mão na massa”, comenta Lisa.
Texto: Sílvio de Andrade
Fotos: Marithê do Céu