Campo Grande (MS) – Se não fosse Mariano Neto, a peça de artesanato mais importante de Mato Grosso do Sul teria acabado. O artesão é neto de Conceição Freitas da Silva, criadora dos bugrinhos no final dos anos 60. Quando faleceu em 1987, a avó de Mariano já era conhecida como Conceição dos Bugres. Quem quer conhecer o modo de fazer dos bugrinhos terá essa oportunidade numa oficina que está acontecendo no Campão Cultural – 1º Festival de Arte, Diversidade e Cidadania, que começou hoje (25) e vai até o dia 27, no Museu de Arqueologia, que fica no Memorial da Cultura, das 14h às 17h. As inscrições continuam abertas no link https://www.even3.com.br/oficinaartesanatopatrimonio .
“Fico muito contente quando me convidam. Nestes momentos converso com todo mundo e conto a história da minha avó e a minha. Com 8 anos eu já ajudava a minha avó a fazer os bugrinhos. Ela pegava a madeira para fazê-los no mato, hoje eu compro a madeira do tamanho que o cliente quer”, comentou Mariano Neto.
Os bugrinhos da Conceição têm grande importância para o patrimônio material e imaterial de Mato Grosso do Sul. É um trabalho reconhecido nacional e internacionalmente. É importante manter viva essa tradição já que o bugrinho é um ícone da nossa cultura”, explicou Douglas Alves da Silva, historiador do Arquivo Público Estadual.
A oficina consiste em que os participantes façam uma releitura da obra e construam pequenos bugrinhos esculpindo-os em sabão em barra com espátula e pintando-os com tinta preta. O objetivo é divulgar da obra de Conceição dos Bugres e apresentar a ideia do que é patrimônio público. “As pessoas devem pensar no artesanato não só como um produto comercial, mas como um bem a ser preservado e que faz parte da identidade cultural do Estado”, complementa Douglas.
Enquanto os presentes esculpiam seus bugrinhos, Mariano Neto fazia o acabamento com cera em uma das suas obras, e depois finalizava o cabelo, olhos e nariz do bugrinho com tinta a óleo preta.
Mariano Neto explicou que os bugres surgiram devido a um sonho de Conceição. Ela sonhou com os bugres e depois começou a esculpir com rama de mandioca, que foi substituída por madeira para ter mais durabilidade.
“Quando eu era criança eu via os bugrinhos pela tv e eu tinha curiosidade de conhecer como se faz. O Campão Cultural me proporcionou isso”, destacou a tatuadora Letícia Maidana.
Texto: Gisele Colombo – FCMS
Fotos: Ricardo Gomes