Técnica, criatividade, talento e cultura são alguns dos atributos que logo vêm à mente quando se pensa em artesanato. Uma linha que se transforma em manta, a palha que ganha novas formas para se transformar em biojoia, a madeira que se torna uma peça de decoração, tudo é resultado da aptidão dos artesãos que encontram no trabalho manual uma forma de renda. Durante o “Campão Cultural – 2º Festival de Arte, Cultura, Diversidade e Cidadania” – de 8 a 15 de outubro – essa forma de expressão e arte ganha visibilidade em uma programação que destaca os talentos de Mato Grosso do Sul.
“Abrir espaço para o artesanato que é produzido em diversos municípios e regiões do Estado, com suas características e seus modos de fazer, com as suas peculiaridades, é fomentar a economia da cultura e fortalecer as nossas identidades culturais”, aponta Eduardo Romero, secretário de Cultura e Cidadania de Mato Grosso do Sul. “Esse é o objetivo do festival: ser um encontro cheio de pluralidade, mas também ser um espaço de afirmação do que é sul-mato-grossense, daquilo que é regional”, completa.
Feira dos Saberes
A programação será composta de oficinas e apresentação dos modos de fazer de artesãos, além da participação do setor na “II Feira dos Saberes: Feira de Artesanato, Literatura, Arte Indígena, Arte Afro, Design e Moda”. “O artesanato ocupa um espaço importante na construção da identidade e na representatividade de Mato Grosso do Sul. Além disso, cada município ou região tem suas formas específicas de criar e produzir. É isso que queremos mostrar no Campão Cultural”, afirma Katienka Klain, gerente de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).
Além da comercialização dos produtos artesanais, a Feira dos Saberes permitirá que os visitantes percorram uma reprodução da própria geografia de Mato Grosso do Sul. Para tanto, os estandes estarão dispostos em rotas, que abarcam cada área do Estado: Rota Pantanal, Rota Caminhos dos Ipês, Rota Bonito/Serra da Bodoquena, Rota Grande Dourados, Rota Cerrado/Pantanal, Rota Costa Leste, Rota Vale das Águas, Rota Caminhos da Natureza/Cone Sul.
Entre os convidados a expor no Campão Cultural está Josefa Marques, artesã de Caarapó com mais de duas décadas de atividade, que hoje se dedica exclusivamente à produção de peças com técnicas como a tecelagem com lã de carneiro e planeja abrir uma loja para comercializar seus trabalhos. “São mais de 26 anos de atividade e hoje o artesanato é uma das minhas principais fontes de renda”, explica. Participante contumaz de feiras, rodadas de negócios e outras atividades que envolvam a comercialização de peças artesanais, Josefa vê a Feira dos Saberes como uma oportunidade para atingir novos públicos e movimentar a economia criativa em MS. “É um ponto de encontro. Toda feira abre a oportunidade para que a gente atinja novos públicos”, argumenta.
Oficinas
Quem quiser conhecer mais sobre técnicas artesanais poderá participar de uma das sete oficinas de artesanato que compõem a programação do “Campão Cultural”. Elas abordarão métodos de criação em estamparia, origami, modelagem de cerâmica no torno, modelagem em argila, trançado em palha, entalhe em madeira e bonecas de cerâmica.
Entre os ministrantes está o mestre Juão de Fibra, de 52 anos, cearense radicado no Gama, Distrito Federal. A partir do trançado da palha e do capim colonial, entre outras fibras brasileiras, o artesão cria peças únicas. “Saí do Ceará ainda criança, aos seis anos. Como tive muito contato com a natureza, fui desenvolvendo minhas técnicas, sempre como autodidata”, explica.
Mato Grosso do Sul carrega um lugar especial na memória de Juão. Segundo ele, um dos primeiros lugares em que passou a ser reconhecido como mestre nas artes foi aqui. “Eu tenho uma relação bastante próxima com Mato Grosso do Sul. Passei mais de três anos no Estado, trabalhei com os ribeirinhos e, posteriormente, realizei alguns trabalhos com designers como a Patrícia Caldas”, explica. “Retornar agora é, além de tudo, uma oportunidade para matar a saudade dos amigos que fiz.”
Entre 12 e 14 de outubro, Juão apresentará técnicas para o desenvolvimento de biojoias, que unem fibras e sementes para a criação de peças contemporâneas e originais. “A natureza é muito rica e nos oferece materiais únicos. É isso que eu quero mostrar para o público”, comenta Juão. Mais sobre o seu trabalho pode ser conferido no Instagram.
Mais informações
https://www.instagram.com/festivalcampaocultural/
https://festivalcampaocultural.ms.gov.br/
ASSESSORIA CAMPÃO 2022
por Thiago Andrade