A contação de histórias é uma poderosa aliada para que as tradições orais perdurem com o tempo. Ao longo de gerações, grupos de pessoas passaram seus costumes, suas lendas e suas narrativas locais, uns aos outros com essa prática coletiva. Hoje, ela é entendida também como uma ferramenta importante para a educação, podendo ser usada de forma lúdica para transmitir conhecimentos e estimular a imaginação.
Para falar sobre esse assunto, o Campão Cultural promoveu no dia 12, a oficina “Ler e Contar, Contar e Ler”, ministrada pelo multiartista acreano Francisco Gregório Filho, um dos maiores nomes do segmento no Brasil, responsável pela formação de centenas de contadores ao redor do país e um dos fundadores do Programa Nacional de Incentivo à Leitura, o PROLER. Ao seu lado, compartilhando conhecimentos, foi convidado o contador de histórias Ciro Ferreira, bastante conhecido por seu trabalho na área em Mato Grosso do Sul e em outros estados.
Durante a oficina, que aconteceu na Biblioteca Isaías Paim na Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, foram discutidos os tópicos: Contar Histórias, Ler em Voz Alta, Mediação de Leitura, Formação de Repertório, Os Diferentes Gêneros Literários, Os Causos, Organização de Histórias da Família, Bibliografia e A Contação de Histórias.
Aprendizado – Cerca de 50 inscritos participaram do encontro. Para Ciro Ferreira, a oficina foi mais do que apenas uma aula, mas uma troca de experiências. Parceiro de longa data de Francisco Gregório, ele explicou que sua trajetória nasceu na dramaturgia, até que com o PROLER, houve o surgimento da função do contador de histórias, como um dos personagens-chaves para o incentivo à leitura. Ele acredita que, com essa oficina, os participantes poderão colocar em prática novas técnicas em seu trabalho.
É o caso da professora Maria Aliender, de Sete Quedas (MS), que veio direto de um Encontro de Escritores na Argentina para a oficina. “Eu não podia deixar de conhecer o mestre Francisco Gregório, que é uma grande referência. Hoje, retorno mais rica para a minha terra”, contou emocionada. Contadora desde 2010, ela relembra que herdou o dom da mãe que, apesar de analfabeta, reunia as crianças em torno de um braseiro e contava “causos”. “Hoje, entrego aos meus alunos as histórias que aprendi com elas e tantas outras que aprendi com a literatura”, revelou.
Bem-humorado, Francisco Gregório disse que é a sua “centésima vez” em Campo Grande. “Venho aqui desde a década de 1970. Conheci no Mato Grosso do Sul muitos narradores, artistas e criadores”, revelou. Para ele, contar histórias é uma forma de estar conectado consigo e com o imaginário. “Quando fazemos isso, suspendemos um pouco o real, nos entregamos à imaginação e quando retornamos dela estamos transformados e com a capacidade de transformar o nosso entorno”, declarou.
A programação do Campão Cultural é plural e contempla diversos segmentos. Ela continua até o final de semana, clique aqui e confira o que mais vai rolar.
texto: Evelise Couto
fotos: Eduardo Medeiros