Os festivais se tornaram uma das principais portas de entrada para músicos e bandas que desejam se tornar conhecidos do grande público. Mas, para conquistar uma vaga nesses espaços, existe uma etapa crucial: conquistar a curadoria. A mesa “Como funciona a curadoria de festivais e editais” reuniu mulheres que atuam no segmento musical para discutir o tema e mostrar para os artistas as melhores maneiras de se inserir nesse circuito. O encontro fez parte da programação da Feira da Música de Campão, que acontece junto ao Campão Cultural – 2º Festival de Arte, Cultura, Diversidade e Cidadania.
Com mediação de Renata Gomes, diretora de marketing e comunicação na Ingrooves Music Group, o espaço contou com a presença de Carol Daves, que atua como curadora em diversos festivais, Lidiane Lima, gestora do Núcleo de Audiovisual da FCMS, a produtora Fabiana Fernandes, a cantora Marina Peralta e Laura Damasceno, diretora de marketing da Taboom.
“Hoje, é fundamental que o artista tenha redes sociais atualizadas. Não necessariamente redes com grandes números, mas com informações que tornem claro para o curador o que ele faz e seus os dados de contato”, explica. Além disso, é importante manter essas redes atualizadas, mostrando o que o artista está fazendo, como é o seu show e seu trabalho atual. “É preciso estar em trabalho constante. Um curador quer saber o que ele vai encontrar”, explica.
Com um número crescente de festivais e feiras musicais acontecendo em todo o Brasil, não são apenas os artistas que estão ligados no que está acontecendo. “Os curadores também estão procurando novidades, músicos e bandas com projetos interessantes, com qualidade”, argumenta. Por esse motivo, é essencial que o portfólio digital esteja bem organizado e seja de fácil alcance. “Dá trabalho, mas é parte do que o artista precisa fazer para crescer”, pontua.
Cenários
A realidade de cada região varia de acordo com diversos indicadores socioeconômicos. Assim, os desafios enfrentados por cada artista também é diferente. Como aponta Lidiane Lima: “os desafios que eu enfrento aqui ainda estão alguns passos atrás do que em outros lugares. A gente tem que olhar para essas diferenças também”, afirma.
A produtora do grupo de rap indígena Bro’s MC, Fabiana Fernandes, explica que foi necessário trabalhar muito para entender as nuances que contribuem para a seleção ou não de um artista. Em 13 anos de atividade, o grupo chegou a tocar no Rock in Rio neste ano, mas ela também lembra dos convites cancelados em outros momentos. “Existe toda uma questão logística que precisa ser considerada, que gera custos. Quando passamos a buscar festivais mais sintonizados com a mensagem do grupo, passamos a ter melhores resultados”, comenta.
Na visão da cantora Marina Peralta, os artistas independentes tem que estar atentos ao que está acontecendo. “Quando fui para São Paulo, eu vi que eu ainda tinha muito que fazer para conseguir entrar no circuito. Isso envolve esforço, trabalho e investimento financeiro. Então, quando eu faço um show, já preciso me organizar para pensar em como investir uma grana no meu projeto”, aponta.
Informação
A programação da Feira da Música de Campão também contou com a palestra de Demétrius Hernandes sobre “Conceitos de Blockchain e NFT para Música” que mostrou os caminhos que a tecnologia está abrindo para profissionais criativos. Além disso, também oficina de pandeiro, painel sobre integração de MS com o Brasil e a América Latina, é uma palestra com Barral Lima, que mostrou como a internet é essencial para circulação e rentabilidade da música.
Thiago Andrade
Fotos: Daniel Júnior