Palestras com especialidades nas diversas áreas do mundo musical, envolvendo início de carreira, processo criativo e instrumental, produção, gravação, divulgação, audiovisual, marketing e, inclusive, o lado empresarial e legal como empresa constituída para tocar (literalmente) os negócios, tornam a Feira de Música do Campão Cultural um espaço infinito para se pensar na profissionalização e dar a tacada certa para se tornar um grande artista.
A feira, que está sendo realizada até amanhã (15) no Armazém Cultural (Esplanada Ferroviária), é uma oportunidade do músico sul-mato-grossense se conectar com o mercado fonográfico independente, se atualizar e conhecer novas tendências para garantir sucesso e deslanchar uma carreira. “A proposta da feira é esta, voltado para o mercado, dar o norte, mostrar caminhos e novos cenários”, disse Vitor Maia, coordenador do Núcleo de Música da Fundação de Cultura de MS.
O evento foi aberto na quinta-feira com a oficina “Você é uma marca – Branding para artistas da música”, com a jornalista e consultora Thaty Moura, e na sequência os músicos Leonardo Ramos (Léo Ramos), de Vitória (ES), e Paulo Vaz (SP), falaram sobre composição, criação e produção musical, gravadora e mercado fonográfico. Por último, a analista do Sebrae e cantora, Daniele Muniz, abordou um tema que também pesa muito na carreira: o empreendedorismo musical.
Abre as portas ao artista
A programação atraiu dezenas de músicos e produtores, dentre os quais a cantora Maria Alice, que lançou recentemente um álbum com músicas do compositor Paulo Simões e está na estrada com um show belíssimo. Para ela, é super importante inserir Mato Grosso do Sul no circuito de feiras de músicas pelo Brasil. “Esse intercâmbio de conhecimentos geralmente abre muitas portas e horizontes. A nossa feira deu certo e espero que tenha vida longa e cresça cada vez mais”, disse.
Nascido em Genebra, mas morando em Vitória desde criança, o cantor, guitarrista, produtor musical, Youtuber e compositor Léo Ramos destacou a iniciativa do Campão Cultural inserir a Feira de Música. “Esses encontros sobre música, composição e arte em geral acho muito incrível e necessário, movimenta a cena cultural de uma cidade e estado, traz visibilidade aos artistas que estão começando ou está há algum tempo na estrada”, disse.
Léo participou de várias bandas durante sua carreira como musicista, dentre as mais influentes estão ZOIS, Supercombo, um dos fundadores, e a recém-criada Scatolove. Como produtor musical, produzindo músicas para bandas como Oficina G3 e Medulla. Já participou de programas como Pipocando Música de Junior Lima e foi comentarista do Grammy Awards de 2018 na TNT Brasil. Sobre o Campão Cultural, comentou: “Hoje todo mundo consume vários tipos de música e o festival é isso, além de fomenta todas vertentes culturais”.
Tambores, selos e vinis
Instrumentista, produtor musical e publicitário, Paulo Vaz abordou em sua fala as nuances relacionadas a gravadora, selo, distribuição e a produção musical e a tendência do mercado hoje. “Às vezes o músico faz um CD e não sabe o que fazer dele”, disse. “Não se faz mais lançamento de disco de uma vez, mas singles, assim você vai entendendo o mercado e o público. Depois da pandemia, os shows ao vivo ganharam outra dimensão, tem que estar pronto para isso.”
A Feira da Música também agrega outras áreas e abriu espaços, com a instalação de estandes, para as gravadoras do Estado – três selos participam, Akasha, Mandioca Records e 3Sons -, consultoria sobre direitos autorais, União Brasileira de Compositores e exposição de instrumentos musicais, alguns raros de acervo, de uma empresa paulista cujo proprietário, Jose Benedito, pesquisador do afro-brasileiro, vai comandar uma oficina sobre percussão.
Dono do selo Akasha e DJ, Diego DS elogiou o espaço aberto pelo Campão Cultural, salientando que “o artista tem uma porta aberta para fazer intercâmbio e mostrar seu trabalho para a galera, além de conhecer melhor o mercado”. Um estande também abriga parte do acervo da memória fonográfica do MIS (Museu da Imagem e do Som), incluindo vinis dos artistas locais e artefatos antigos de som e imagem. “É um convite para o público visitar o MIS”, adiantou a servidora Lucimar Zlata.
Texto: Sílvio de Andrade
Fotos: Paulo Cayres