De Belo Horizonte para o Mundo. Não tem expressão que possa definir melhor a projeção e dimensão que o trabalho do Grupo Corpo adquiriu da década de 70 até os anos atuais. Em Campo Grande pela primeira vez, a companhia de dança se apresentou na última terça-feira (23), no Teatro Glauce Rocha e reuniu pouco mais de 400 pessoas, obedecendo todas as normas de biossegurança previstas no Decreto Municipal. Dividida em dois espetáculos – Primavera e Gira – a apresentação é considerada um marco no cenário artístico da Capital.
“Primavera é a celebração da volta aos palcos depois de todos os bailarinos terem ficado confinados em casa durante a pandemia. É sinônimo de cor e muito movimento”, pontua Pedro Pederneiras, diretor da Companhia. Com coreografia Rodrigo Pederneiras e música de Paulo Tatit e Sandra Peres, da Palavra Cantada, Primavera encadeia uma gama de estilos musicais, indo de um jazz light à percussão afro.
Já a obra Gira é uma homenagem aos ritos de umbanda – a mais cultuada das religiões nascidas no Brasil, resultado da fusão do candomblé com o catolicismo e kardecismo – a verdadeira fonte de inspiração da estética cênica da obra. A ligação entre o espiritual e terreno por meio de uma das figuras mais emblemáticas, o Deus Exu, da comunicação e da dinâmica. Também o motivo poético que guia os onze temas musicais criados pelo Metá Metá para Gira.
Público
Pouco mais de 400 pessoas ocuparam boa parte do espaço do Teatro Glauce Rocha que foi sendo preenchido antes das 20h.
Ainda em fila, aguardando as portas se abrirem, uma família chamava atenção de quem por ali passava.
Claudia Alves e Bruno Atra, ambos arquitetos e apaixonados pelo mundo das artes, trouxeram a filha Maria Amada, de 5 anos, para ver se pertinho o Grupo Corpo. O casal, que já tinha conferido em São Paulo uma apresentação da Companhia, vibrava pela oportunidade de passar por essa experiência ao lado da filha.
“Somos apaixonados por esse universo. Trabalho com cenografia, então quando soube que o Grupo Corpo viria, não poderia perder a oportunidade da Maria Amada poder se apaixonar, também”, ressalta.
O Grupo
Fundado por Paulo Pederneiras em 1975, em Belo Horizonte, o Grupo Corpo estrearia no ano seguinte sua primeira criação, Maria Maria. Com música original assinada por Milton Nascimento, roteiro de Fernando Brant e coreografia do argentino Oscar Araiz, o balé ficou dez anos em cartaz e percorreu catorze países. Um êxito que se converteria na concretude de uma sede própria, inaugurada em 1978. Mas, se a empatia com o público, o entusiasmo da crítica e o sucesso de bilheteria foram imediatos, a conquista de uma identidade artística própria, a sustentação de um padrão de excelência e a construção de uma estrutura capaz de garantir a continuidade da companhia e o estabelecimento de metas de longo prazo são fruto de árduo trabalho cotidiano.
INFORMAÇÕES
@FESTIVALCAMPAOCULTURAL
Texto: Clarissa de Faria
Fotos: Álvaro Herculano