Com o espetáculo Yebo, o grupo Gumboot Dance Brasil (SP), prendeu a atenção da plateia que estava presente na Concha Acústica Helena Meirelles, durante a noite de sábado (15). Trata-se da dança popular que foi criada pelos trabalhadores no século XIX que eram explorados nas minas de ouro e de carvão da África do Sul. As batidas nas botas de borracha, os cantos e gritos formam um dialeto sonoro criado por esses povos da época como saída para a comunicação entre eles.
O fundador e diretor do grupo, Rubens Oliveira, explica que eles são os únicos do Brasil a pesquisar a dança e transformá-la em um espetáculo. “A base rítmica, a percussão corporal e os cantos são os elementos centrais”, pontua. As riquezas culturais da África do Sul e do Brasil são costuradas durante toda a apresentação. O resultado é uma releitura da técnica gumboot ao contexto cultural brasileiro.
Para a arte-educadora Flávia Laís Alarcon, 33 anos, o momento foi subliminar. “Eles trouxeram um trabalho potente, de resistência, ancestralidade e ao mesmo tempo de uma leveza e alegria, de fácil comunicação com o público. A gente compreende a força dessa manifestação e também a sua relação com o nosso povo, com a cultura afro-brasileira”, frisa.
Texto: Clarissa de Faria
Fotos: Eduardo Medeiros