Um dos elementos mais notórios da cultura hip hop, o breaking ocupou lugar de destaque na programação do palco Tráfico de Informações, no Campão Cultural – 2º Festival de Arte, Cultura, Diversidade e Cidadania. Em comemoração aos 13 anos da Liga Breaking, uma grande festa promoveu batalhas entre dançarinos e MCs, além de apresentações musicais e a reunião de outros representantes da cultura de rua, como MCs, DJs, grafiteiros e skatistas.
Em uma batalha de breaking, dois dançarinos se enfrentam numa disputa que envolve movimento, ritmo e carisma. Em meio a provocações, cada um dos participantes precisa improvisar em cima da música que o DJ escolher. Enquanto isso, outros dançarinos aguardam sua vez em uma grande roda circundando os competidores. Ao final do tempo combinado, os jurados escolhem o vencedor que deverá aguardar a próxima rodada.
A Liga Breaking reuniu 32 b-boys – o nome dado aos dançarinos – que concorreram por prêmios em dinheiro, além do reconhecimento na noite. Entre os participantes, teve gente de São Paulo e até da Bolívia. O grande vencedor da noite foi o b-boy Saka. “A gente sempre tá batalhando nos eventos, encontrando os amigos, mas estar aqui hoje é um negócio incrível. Esse evento aqui vai ficar na história. A sensação de vencer essa disputa é maravilhosa”, comenta.
A cultura de rua vive um momento de ascensão, com o reconhecimento de modalidades como o skate e a breakdance como modalidades olímpicas. Um dos estilos de dança de rua mais populares, o breaking surgiu em Nova York, nos anos 70, e desde o início cumpriu uma função importante da cultura hip hop: transformar a vida dos jovens das periferias. No Brasil, o estilo se popularizou rapidamente nos anos 80.
“Comemorar os 13 anos de Liga Breaking dentro de um festival imenso como o Campão é indescritível. Estar aqui é uma conquista”, afirma Sulla Maecawa, organizador do evento e um dos grandes movimentadores do hip hop na Capital. Desde 2002 em atividade, Sulla começou a Liga Breaking e nunca mais abandonou o projeto. “Fizemos encontros em outros estados e em países vizinhos, como Paraguai e Bolívia. Em 2015, promovemos uma batalha em Manaus, que foi um marco na nossa história”, conta.
Outras atrações
Antes da grande batalha de breaking que encerrou a noite, aconteceram outras disputas. Os MCs duelaram para ver quem manda as melhores rimas no improviso. Mais tarde, foi a vez dos poppers competirem. Um pouco menos conhecido que o break, o popping é outra modalidade de dança de rua, com movimentos mais minimalistas, caracterizada pela contração muscular aliada a movimentos bem pausados, seguindo a batida da música.
“Temos muitos dançarinos, mas não são tantos que competem nas batalhas. É uma pena”, explica Lincoln Cursino, que há 14 anos se mudou de São Paulo para Campo Grande e desde então vem trabalhando na divulgação do popping. Ele, que tem 47 anos, ficou em segundo lugar na disputa. “É uma técnica difícil, que exige muito controle corporal. Existem os fundamentos do popping, que todo dançarino precisa conhecer. É com base neles que vamos improvisando em cima dos beats”, explica.
Thiago Andrade
Fotos: Alicce Rodrigues