Campo Grande (MS) – A tarde deste sábado, 04 de dezembro de 2021, foi o último dia da Mostra de Cinema Givago de Oliveira, durante o Festival Campão Cultural – 1º Festival de Arte, Diversidade e Cidadania. A Mostra aconteceu no Centro Cultural José Octávio Guizzo, e exibiu os documentários “Cordilheira de Amora 2”, “Corpo Manifesto”, “Suape Caminho Sinuoso” e o colombiano “Hasta el fin del mundo”.
“Cordilheira de Amora II” é um documentário espontâneo, filmado com celular na Aldeia Amambai, no Mato Grosso do Sul, fronteira do Brasil com o Paraguai. A dreção é de Jamille Fortunato. “Corpo Manifesto” apresenta um panorama sobre o feminismo, sua história e tradição, buscando identificá-lo no cenário da luta das mulheres brasileiras hoje. Direção de Julia Bahia Bock e Carolina de Araujo Martins. “Suape Caminho Sinuoso” fala sobre moradores de comunidades tradicionais de Pernambuco, que denunciam complexo industrial gerido pelo governo. Produzido por Rafaela Danielli Nicola. “Hasta el fin del mundo” é um vídeo experimental, realizado inteiramente com câmera de celular, que mescla as linguagens do documentário e ficção, numatentativa ritual de sanação das dores coloniais. Direção de Nakua Pewerewerekae Jawabelia.
A curadora da mostra, Mariana Sena, contou que a escolha dos filmes foi baseada em filmes de denúncia, de contestação, para ampliar o olhar e fazer com que as pessoas pensem. “O Jivago de Oliveira, que dá nome à mostra, foi um grande amigo cineasta, ativista militante dos direitos humanos. Para ele, o cinema era uma ferramenta de articulação, por isso sempre íamos juntos exibir os filmes do Cineclube Transcine em locais onde as pessoas estavam precisando de aconchego, porque o cinema traz esse entendimento de quem é você, como agimos, quem nós somos. E essa mostra foi baseada em filmes de realizadores amigos, para termos oportunidade de exibir esses filmes com amigos que sempre apoiaram o Transcine”.
Para Mariana, é fundamental ter cinema num festival como o Campão Cultural. “Nós nos vemos pelas imagens, pelos filmes. Ter uma mostra dessa importância dentro do Festival é fundamental para que a gente se entenda como seres humanos. Sempre procuramos buscar temas mais diversificados, ver filmes produzidos no nosso Estado, no nosso País, e é por meio dessas pequenas realizações, como os curta metragens, que nós temos acesso. Quanto mais mostras tiver, melhor. É fundamental para que a gente consiga mostrar nossa cara, nossa identidade. A mostra tem essa sensibilidade essa emoção”.
Uma das realizadoras do filme “Suape Caminho Sinuoso”, que foi exibido na Mostra, Rafaela Danielli Nicola, estava presente e disse que fez o filme pela revolta por ver uma situação de injustiça acontecendo. “A impressão que dava na época das filmagens, quando comecei em 2012, é que ninguém ligava para isso. Receber um convite para mostrar uma realidade tão dura, um filme que foi feito sem nenhum recurso, é importante porque as pessoas precisam entender o que significa a violência e o que ela implica no dia-a-dia da sociedade. Fiquei muito honrada por ter meu filme exibido aqui no Campão. E para mim também é muito legal assistir aos outros, ver as produções que foram desenvolvidas, aqui é um espaço que permite o diálogo. Estas mostras precisam ser mais frequentes, pois as pessoas não estão muito acostumadas com curtas, e essas realidades mostradas é o que a sociedade quer colocar embaixo do tapete. Hoje foi muito transformador, mesmo”.
Texto: Karina Lima
Fotos: Daniel Reino