Das ladeiras de Salvador para o palco do Campão Cultural – 2º Festival de Arte, Cultura, Diversidade e Cidadania, Olodum mostrou a força da percussão e do samba-reggae em uma apresentação marcante. A maior banda percussiva do mundo e um dos maiores blocos carnavalescos da capital baiana fez mais de cinco mil pessoas dançarem ao som de sucessos, com um show que falou de amor, resistência e política, ressaltando a força do povo negro.
Antes dos integrantes subirem ao palco, as caixas de som já entoavam um dos clássicos do grupo: “Nossa Gente”. O clima da festa já estava armado. Uniformizados e com um visual colorido, a banda manteve o alto astral até perto da meia-noite. Alternando os vocais, Lazinho e Lucas di Fiori comandaram a apresentação e engatilharam uma série de hits como “Baianidade Nagô”, “Vem Meu Amor”, “Revolta Olodum” e “Tekila”, entre outras.
“O suingue deles é único. Eu acompanho sempre que posso e poder vê-los aqui em Campo Grande foi incrível, ainda mais aqui tão de perto”, conta a professora de turismo, Luciana Rabelo. Maranhense radicada em Campo Grande há 11 anos, ela adorou a seleção de músicas apresentadas pelo grupo. “É a primeira vez que os vejo tocando ao vivo, estou muito feliz por isso”, comenta.
Como grande destaque da apresentação, o percussionista Bira Jackson fez uma performance notável, com direito a descida do palco para tocar seu tambor em meio ao público. “A energia estava muito positiva, foi muito bom participar desse momento. Tivemos uma recepção muito calorosa na cidade, só tenho a agradecer por tudo”, afirmou o músico. Bira é uma das figuras mais icônicas do Olodum, tendo sido um dos destaques no clipe de “They Don’t Care About Us”, de Michael Jackson, gravado no Pelourinho na década de 90.
Além de Bira, outras figuras icônicas do grupo também estiveram no palco do Campão Cultural. Nos vocais, Lazinho discursou para lembrar que “o mundo da gente precisa de muito mais amor e o amor começa em casa. Mais amor, mais amor, por favor”. Em seguida, a banda tocou “Várias Queixas”. A música que voltou a figurar entre os hits nacionais em uma versão do trio Gilsons foi acompanhada pelo coro da plateia. Em seguida, ainda rolou “Requebra” e “Mal Acostumado”, do Ara Ketu.
Antes de cantarem “Mandiba”, música inspirada pelo líder pacifista Nelson Mandela, Lazinho apontou para as bandeiras levantadas pela plateia e reforçou: “É muito bom ver as bandeiras que representam tantas lutas sociais e que a gente também possa andar com a camisa dos grupos quilombolas, ajudar nessa luta, dignamente. A vida não tá fácil pra ninguém, mas se a gente se ajudar, vai melhorar pra todo mundo”, comentou.
Lucas di Fiori, que divide os vocais com Lazinho, disse que o grupo aprendeu muito na capital sul-mato-grossense, referindo-se ao convite para se encontrarem com crianças, jovens e lideranças da Comunidade Quilombola Tia Eva. O momento de trocas culturais aconteceu na tarde de terça-feira, no Laricas Cultural. “Tocamos juntos, conversamos e pudemos entender mais sobre a luta que existe aqui. Foi um ótimo encontro”, contou Bira.
Thiago Andrade
Fotos: Marithê do Céu