Um visual místico, inspirado nos duendes, e uma experiência musical minimalista, acompanhada apenas de um guitarrista e um DJ, mostraram a originalidade de Potyguara Bardo em um segmento que explodiu nos últimos anos. A arte drag que ganhou o mainstream brasileiro tem na cantora do Rio Grande do Norte uma referência mais psicodélica.
Ela foi a atração de encerramento da I Feira de Música de Campão, parte da programação do Campão Cultural – I Festival de Arte, Diversidade e Cidadania. Com um dos maiores públicos que se reuniram no Armazém Cultural, a persona cantou canções de seu álbum “Simulacre”, além de outras escolhas inusitadas como uma versão bastante apropriada de “Wicked Game”.
Com muito carão e uma performance estonteante, Bardo foi do romântico ao brega, do reggae à lambada. Entre os momentos mais marcantes da noite esteve a interpretação de “Plene”, cantada em uníssono com o público. A letra é potente e fala de aceitação, com versos como “Foi libertador poder me enxergar/ Depois que desliguei a lanterna da culpa”, mas sem deixar de lado as imagens psicodélicas que marcam o trabalho de Poty (como é conhecida no RN).
“Karamba”, outro dos hits da drag, deixou o público eufórico. Ao final, os fãs gritavam “Poty, Poty, Poty” a plenos pulmões. Para encerrar, a cantora mandou “Você não existe”, seu maior hit e fechou a apresentação com um batidão eletrônico cheio de animação e festa. Uma das maiores surpresas na programação do festival, o show superou todas as expectativas.
Texto: Thiago Andrade
Fotos: André Patroni