Subgênero do reggae, o estilo que promove a conexão e vibração positiva, reuniu adeptos e entusiastas durante Festival
Não precisa conhecer muito da cultura de rua, tampouco entender de música, seja ela qual for, é nítida a exaltação genuína e instintiva de todos os envolvidos quando o assunto é sound system. As pilhas de caixas de som e alto-falantes crescem nas ruas de Campo Grande à medida que os percussores do estilo musical vão ganhando cada vez mais espaço, caminhada essa que completa pouco mais de 10 anos e que, agora, reposiciona o reggae com uma apresentação saudosista na 14 de julho, neste domingo (28), durante o Campão Cultural – I Festival de Arte, Diversidade e Cidadania. Na ocasião, dois grupos se apresentaram, são eles: Rockers Sound System e Vamo Apelá Sistema de Som.
Mas afinal, se você nunca ouviu falar dos sound systems, essa definição é para nunca mais esquecer: São potentes sistemas sonoros comandados por DJs que se revezam tocando uma seleção de músicas e, muitas vezes, improvisando sobre elas. Thiago Silva, Diego Manciba e Daniel Geleilate é trio que começou a escrever essa história na Capital. Rockers Sound System não é só um subgênero, como também denominou o primeiro bar que despontou o som no cenário musical daqui.
“Fomos o primeiro sistema de som da cidade, isso em 2006 quando ainda nem tínhamos as caixas de som próprias, muito menos as coleções de vinil”, conta Daniel Geleilate, 39 anos, analista e produtor musical. Somente com a abertura do Rockers que os três conseguiram começar a se profissionalizar e adquirir todos os equipamentos essenciais para que o sistema de som pudesse ser 100% sound system.
A cultura da década de 50/60, originária Jamaica, começou a se difundir pela Europa quando parte da ilha migrou para lá, a partir de então, a ascensão do estilo foi orgânica. “Essa cultura é originalmente de rua, quando as músicas eram feitas pelos produtores e, como forma de divulgação do trabalho autoral e de discos da época, reuniam as pessoas nas ruas em festas abertas ao público em geral”, ressalta Geleilate.
Thiago Silva, 40 anos, advogado e um dos que comandaram o som durante apresentação na 14 de julho, ressalta a importância da representatividade se tornar cada vez mais pertencente. “É muito satisfatório fazer parte disso tudo. Criamos um intercâmbio cultural com outras metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro e isso fez a gente crescer. Graças a Lidiane Lima, coordenadora do núcleo audiovisual da Fundação de Cultura, que lutou junto com a gente para sermos reconhecidos e hoje apresentar o sound system durante o Campão Cultural”, garante.
Positividade e resistência
Patricia Rodrigues, a “Boli”, 40 anos, é aquela figurinha carimbada quando rolam as apresentações na Capital, além de ser fã de carteirinha de todos os envolvidos na cena. “Eu acredito que a cultura sound system, quando ela se apresenta na rua, agrega vários elementos. É uma festa muito saudável, onde o intuito é louvar a Jah, então as pessoas entram numa vibração e conexão positiva que é a intenção da produção cultural da nova era”, diz.
INFORMAÇÕES
@FESTIVALCAMPAOCULTURAL
Texto: Clarissa de Faria
Fotos: Eduardo Medeiros