Como contar uma história para o cinema a partir de uma foto de família? Esse universo das histórias pessoais no contexto da cinematografia contemporânea é o tema da oficina Documental Autorreferencial que está sendo ministrada pelo cineasta Tiago Pedro de Araújo Pereira na segunda edição do Festival Campão Cultural.
“O cinema e a fotografia se aprende fazendo. É um ofício que não está nos livros pois o seu resultado muda de região para região”, ensina ele, que atualmente trabalha com cinema na região de Fortaleça e Cariri, no Ceará, e já participou do Campão Cultural no ano passado. Contar histórias com imagens é uma das paixões do autodocumentarista, que já produziu vários ensaios.
Na capacitação que está sendo realizada no Museu da Imagem e do Som, localizado no Memorial da Cultura e Cidadania, na Av. Fernando Correa da Costa, Tiago Pedro dividi os conhecimentos que adquiriu como aluno da EICTV – Escuela Internacional de Cine y TV de Cuba, fundada por Gabriel García Marquez, onde conheceu grandes nomes do cinema mundial, como Francis Ford Coppola, Abbas Kerostami e o brasileiro Cao Guimaraes.
Como imagens pessoais vão transformar em história para o outro, de forma ética? O curso é uma introdução resumida ao tema do documentário ensaio e o found footage, também chamado de cinema de arquivo. “É uma arte com técnicas de cinema de apropriação de imagens históricas e/ou pessoais”, diz Tiago. Durante a aula, ele aponta os principais casos e seus antecessores, bem como faz um relato pessoal entorno do tema.
Um fazer íntimo
Tiago Pedro explica que a ruína memória é uma reunião de filmes que poderiam ser chamados do escopo dos ensaios cinematográficos, com um narrador em primeira pessoa, poético, no tom da memória involuntária, na exploração das imagens e da história.
“São filmes que, partindo da exposição de si, ou de experiências pessoais travam narrações ou contam histórias universais, como amor, família, saudade, memória, esse último principalmente”.
Com um olhar sobre o cinema de arquivo, o documentário auto-referencial e/ou autobiográfico faz uma abordagem do tema de forma teórica-prática, fazendo uma digressão sobre o pensamento humano sobre o real e sua representação no campo da imagem, como também busca desenvolver no aluno seu traço autoral e uma particular visão de mundo.
“A história do cinema e da fotografia é de uma arte moderna que ia para rua, com o passar do tempo e não rara vezes esse paradigma foi sendo quebrado e se tornando cada vez mais em um fazer íntimo, subjetivo, auto-referencial, trabalhando com memórias em materiais de arquivos pessoais por exemplo”. aponta.
A oficina segue até sábado, 15.
O Campão Cultural é uma realização do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Secretaria de Cidadania e Cultura de MS (SECIC) e Fundação de Cultura de MS (FCMS), com apoio da Secretaria de Municipal de Cultura e Turismo (SECTUR).
Texto: Silvio de Andrade
Fotos: Daniel Reino