Campo Grande (MS) – O Campão Cultural – I Festival de Arte, Diversidade e Cidadania ofereceu na manhã de hoje (03 de dezembro) o workshop Técnica de Montagem Coreográfica com Cia Urbana de Dança (RJ).
A Companhia Urbana de Dança dirigida por Sonia Destri Lie, é hoje uma das mais conceituadas companhias do Rio de Janeiro. Realizando um trabalho minucioso de pesquisa das raízes culturais brasileiras e colocando este material em diálogo com as tendências contemporâneas da dança urbana, produz um material cênico e coreográfico riquíssimo e potente.
A Companhia Urbana de Dança, criada em 2004, é formada por um grupo de jovens, todos homens, oriundos de subúrbios do Rio de Janeiro. O grupo se caracteriza pela força das suas histórias e qualidades artísticas como vigor físico, diversidade de movimentos e sofisticação coreográfica e realiza uma leitura particular e criativa em dança urbana. Suas experiências e ideias são incorporadas como material de criação. Por meio de uma expressão artisticamente arrebatadora, colocam em cena corpos com movimentação forte e ao mesmo tempo sofisticada, marcada pela estética contemporânea.
Os espetáculos trazem as identidades de seus bailarinos, suas referências e atitudes, um sotaque carioca, brasileiro e afrodescendente, ao mesmo tempo traduzível ao mundo, inserindo-se afirmativamente no que há de mais contemporâneo em dança urbana. Colocam em destaque os talentos de jovens brasileiros negros e pobres na modernidade, numa postura afirmativa e pluralista.
Pela primeira vez em Campo Grande, o ministrante da oficina, o intérprete de dança Miguel Fernandes, aprovou o formato do festival. “Não tem nada melhor do que levar os artistas ao contato com aqueles que não têm acesso à cultura. É enriquecedor”. Sobre a troca de informações nas oficinas ele acredita ser importante para os artistas e para os alunos. “Por mais que a gente venha com um produto pronto para ministrar, com o material humano presente podemos recriar coisas novas, esse é o real valor deste encontro. Essa troca o aluno vai levar para a vida dele, a vivência que teve na aula, são pessoas de localidades diferentes se reunindo em um mesmo lugar”, destacou.
“O interessante deste festival é que ele proporciona para a gente o contato com artistas de outros estados e que fazem dança de outras modalidades. Isso contribui muito para o nosso crescimento profissional”, comemorou a dançarina Bianca de Oliveira.
“Cheguei aqui sem saber que aconteceria essa oficina e acabei ficando para aproveitá-la. Essa oficina está contribuindo para minha identidade enquanto mulher, pessoa negra. Ela está servindo para a coletivização da arte e a criação de um novo público na sala de aula, pois começamos a conhecer outras pessoas da dança aqui da cidade”, finalizou Isabela Lopes, 22 anos.
Texto: Gisele Colombo
Fotos: Ricardo Gomes